Liderança indígena desaparece ao atravessar rio e corpo é encontrado três dias depois em Uiramutã

Gelson Ingarikó (à esquerda)e Ministros Cármen Lúcia e Carlos Ayres Britto na Terra Indígena Raposa Serra do Sol em 2009 FAB/CCOM/Divulgação O corpo do l...

Gelson Ingarikó (à esquerda)e Ministros Cármen Lúcia e Carlos Ayres Britto na Terra Indígena Raposa Serra do Sol em 2009 FAB/CCOM/Divulgação O corpo do líder indígena Gelson José Martins, do povo Inagrikó, foi encontrado nessa quarta-feira (30) no rio Cotingo, na comunidade indígena Serra do Sol, município de Uiramutã, Norte de Roraima. Ele estava desaparecido desde domingo (27), quando a canoa em que ele estava virou no rio. Gelson estava acompanhado da esposa e de um sobrinho, quando a canoa virou devido às fortes corredeiras. A mulher e o sobrinho conseguiram se salvar, mas o homem desapareceu nas águas. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 RR no WhatsApp Uma equipe com três mergulhadores do Corpo de Bombeiros foi mobilizada para a operação de busca. Primeiramente, o transporte seria feito por via aérea, mas as condições climáticas impediram o voo. Os bombeiros seguiram por via terrestre, em uma viagem de aproximadamente 12 horas até a comunidade Serra do Sol. No local, os militares realizaram mergulhos nas áreas indicadas por testemunhas, além de buscas de superfície, com o apoio da comunidade local. O corpo dele foi encontrado cerca de 7 km abaixo do ponto do acidente. Para alcançar o local onde a vítima estava, militares e moradores voluntários precisaram transpor corredeiras e arrastar a embarcação por horas. O resgate exigiu ancoragem com cordas devido aos riscos no trecho do rio, segundo o Bombeiros. Ao todo, a equipe percorreu aproximadamente 400 km até o local, que fica próximo à Tríplice Fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Gelson foi tuxaua da comunidade indígena Serra do Sol e membro da organização Conselho do Povo Indígena Ingarikó (COPING). Ele atuou na na construção do Plano de Gestão do território Ingarikó e do Plano de Manejo do Parque Nacional do Monte Roraima. Ele também foi uma das lideranças que lutou pela demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Em 2009, Gelson acompanhou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia e Carlos Ayres Britto em visita durante o processo de demarcação. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Instituto Socioambiental (ISA) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade em Roraima (ICMBio) lamentaram a morte da liderança. "Como voz ativa do movimento indígena de Roraima, Gelson deixa como legado a sua forte liderança, guerreiro ativo na luta pelos direitos e bem viver dos povos indígenas, especialmente, do povo Ingarikó", disse a Funai. Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.