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Justiça Federal manda suspender emissão de novos títulos de terra em faixa de fronteira de Roraima

Fronteira do Brasil com a Venezuela Caíque Rodrigues/g1 RR/Arquivo A Justiça Federal determinou, de forma liminar, que o Instituto de Terras e Colonização d...

Justiça Federal manda suspender emissão de novos títulos de terra em faixa de fronteira de Roraima
Justiça Federal manda suspender emissão de novos títulos de terra em faixa de fronteira de Roraima (Foto: Reprodução)

Fronteira do Brasil com a Venezuela Caíque Rodrigues/g1 RR/Arquivo A Justiça Federal determinou, de forma liminar, que o Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima) suspenda a emissão de novos títulos de propriedade em áreas de faixa de fronteira sem a autorização do Conselho de Defesa Nacional (CDN). A informação foi divulgada nesta terça-feira (28). De acordo com a decisão, o órgão estadual tem promovido a titulação de terras públicas em desacordo com a legislação. As investigações apontam que, até o fim de 2023, o Iteraima já havia expedido 1.771 títulos sem o assentimento prévio do CDN, além de ter 6.782 processos fundiários em andamento. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 RR no WhatsApp A Justiça deu prazo de 30 dias para que o instituto adeque seus processos administrativos e comprove o cumprimento da decisão, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Por meio de nota, o Iteraima informou que ainda não foi notificado oficialmente sobre a decisão mencionada. "Tão logo ocorra a notificação formal, a Procuradoria-Geral do Estado analisará o teor da decisão e se manifestará no momento oportuno, dentro dos prazos legais cabíveis". LEIA TAMBÉM: MP de Contas acusa ex-presidente do Iteraima e fazendeiro de grilar terras e causar prejuízo de R$ 25 milhões 🔎 O que é a faixa de fronteira? A faixa de fronteira é uma área de até 150 quilômetros ao longo das fronteiras terrestres do país, considerada essencial para a defesa nacional. Por lei, qualquer alienação (como venda ou doação) de terras públicas nessa região precisa do aval do Conselho de Defesa Nacional, órgão ligado à Presidência da República. A decisão atende a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) que. antes da ação judicial, tentou resolver o impasse por meio de um termo de ajustamento de conduta (TAC) mas, de acordo com o MPF, o estado de Roraima se recusou a firmar o acordo. Na decisão, o juiz ressaltou que permitir a continuidade das titulações sem o aval do Conselho poderia consolidar situações jurídicas precárias, dificultando futuras anulações e colocando em risco interesses estratégicos da defesa nacional. Além de suspender novos títulos, o Iteraima deverá seguir as regras previstas na Instrução Normativa do Incra, que regula os procedimentos para a solicitação de assentimento prévio do Conselho de Defesa Nacional, até que o estado edite uma norma própria. Enquanto isso, o órgão está proibido de emitir títulos definitivos de domínio, doação ou concessão de direito real de uso em áreas da faixa de fronteira sem o consentimento do CDN. Iteraima é alvo de investigação por grilagem de terras CPI das Terras: Sindicato de Roraima questiona indiciamento de servidores do Iteraima O Iteraima tem sido alvo de investigações do Ministério Público de Contas (MPC) de Roraima por supostos esquemas de grilagem de terras públicas. Em setembro, o MPC moveu uma ação contra a ex-presidente do instituto, Dilma Costa, o fazendeiro Ermilo Paludo e outras quatro pessoas, acusando o grupo de causar prejuízo de R$ 25,5 milhões aos cofres públicos. De acordo com o órgão, os investigados teriam fraudado cerca de 17 mil hectares de terras na Gleba Ereu, no município de Amajari, por meio de processos administrativos irregulares dentro do próprio Iteraima. O esquema, segundo o MPC, funcionava com dois núcleos interligados — um formado por particulares e outro por ex-servidores e dirigentes do instituto — que validavam e aceleravam processos de regularização fundiária em desconformidade com a lei. A ação foi enviada ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RR), que analisa pedidos de bloqueio de bens, suspensão de atos administrativos e responsabilização dos envolvidos. Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.